Experiência Artesanal

        Buscando compreender a fundo as técnicas de produção do vitral, foram realizadas, pelas autoras desta pesquisa, visitas presenciais ao Atelier Il Vetro, na cidade de Belo Horizonte, para o aprendizado prático do saber-fazer da arte do vitral. Instruídas pelo artista plástico, vidreiro, vitralista e restaurador de vitrais e de obras de arte Osvaldo Batista de Oliveira, ocorreu a produção de dois pequenos painéis de vitral, partindo desde os passos iniciais - englobando o desenho, o mapa das peças e o corte dos vidros - até a montagem do vitral, a soldagem e a niquelagem da obra.

Vitralista Osvaldo Batista de Oliveira.

        Ao longo das visitas, foi possível o ganho de conhecimento acerca da teoria, história e prática do vitral através do vasto saber do vitralista, adquirido por ele durante seus estudos na Art Student League e na Master Guild, ambas escolas situadas em Nova York, e ao longo de sua extensa carreira, que conta com mais de 18 projetos de restauros, além de construções autorais. Também, foi possível entender as nuances, delicadezas e dificuldades da técnica, além dos diferentes materiais utilizados no processo.


PASSO A PASSO DA PRODUÇÃO

        Primeiramente, como manda a técnica secular do vitral, desenhou-se o mapa das peças como referência na criação do painel. Assim, foi possível a escolha dos vidros de forma a melhor compor a obra final de acordo com as cores e texturas dos vidros disponíveis. Além de possibilitar essa idealização prévia do desenho final, o mapa é utilizado como molde para o corte das peças, que deverá ser feito de acordo com os formatos e tamanhos traçados.

Peças de vidro recortadas e sobrepostas ao mapa de acordo com a numeração e molde.


        Depois de selecionadas e recortadas, as peças de vidro são dispostas e presas sobre uma mesa com o auxílio de ripas de madeira e cravinhos para o encaixe nas ligas de chumbo, que é realizado com ajuda de instrumentos e de peça em peça. Após o encaixe de uma linha de chumbo, faz-se o travamento da parte com os cravos, e assim por diante.

Conexão dos vidros com as ligas de chumbo auxiliadas pelos cravos e ripas.

        Uma vez montado e finalizado os encaixes, os encontros das linhas de chumbo foram soldadas nas emendas e, para fixação e travamento de todo o conjunto - peças de vidro e ligas de chumbo -, aplicou-se uma massa própria entre os vidros e o chumbo. Para isso, utiliza-se de espátulas próprias que auxiliam no preenchimento dos espaços com a massa de forma uniforme. 

Processo de solda as ligas de chumbo.
Massa e espátulas utilizadas no processo de fixação das peças de vidro.

Sophia Corteletti no processo de emassar o painel de vitral.

        Após a secagem da massa, finaliza-se o painel com a niquelagem ou a cromagem da peça. Para isso, fez-se a aplicação de pátina preta em todo o chumbo, que oxida e ganha coloração escura muito próxima ao preto, atribuindo ainda maior contraste entre o chumbo e a singularidade dos vidros coloridos e transparentes.

Processo de Niquelagem do chumbo.

        Por fim, vale ressaltar que o painel em questão, produzido pelas autoras no Atelier com o auxílio do vitralista Osvaldo Batista, é de estilo modernista e é composto por peças de vidro já previamente produzidas e coloridas em seu processo de fabricação. Dessa forma, o painel não recebeu pinturas sobre o vidro e, portanto, não foi necessário ser levado ao forno para recozimento.

Sofia Alves e Sophia Corteletti no processo de fabricação do painel de vitral.

Painéis de vitral finalizados produzidos pelas autoras desta pesquisa.


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