Resultados
Como resultado das investigações, destacam-se as mudanças e as permanências na prática e na presença dos vitrais ao longo do tempo, sendo possível a compreensão de suas motivações no Modernismo Brasileiro. Aflorada na Idade Média, a técnica dos vitrais era primordialmente adotada nas catedrais góticas medievais com a finalidade de auxiliar a Igreja Católica no ensinamento dos valores e da fé cristã aos fiéis iletrados - grande maioria.
Entretanto, identifica-se um certo período de declínio na adoção da técnica do vidro em outras tipologias arquitetônicas, sobretudo com o fim do período medieval, e a presença dos vitrais ressurge por volta do século XIX, na Europa, e chega ao Brasil na mesma época. Com o passar dos séculos, percebe-se a manutenção do saber produtivo dessa linguagem artística, apesar de ser notável uma certa fluidez no que diz respeito às motivações, finalidades, simbologias e iconografias atribuídas ao sistema.
No seu reaparecimento, o vitral ganha a função ornamental em uma edificação, diferenciando o seu papel na modernidade com relação à Idade Média. Ainda assim, a chegada da arte do vidro até o Modernismo Brasileiro no século XX só se faz possível pela memória da tradição dessa prática artesanal originária de uma hierarquia formada por mestres e aprendizes.
Apesar da importância desse bem integrado na história da arte e da arquitetura, além de seu papel fundamental nas edificações em que se faz presente, depara-se com uma problemática carência de registros e estudos acerca do acervo de vitrais brasileiros, notadamente no Modernismo. Assim, a pesquisa percorreu os caminhos intra-artístico e histórico-crítico para a análise da permanência e do reaparecimento dessa linguagem estética, percorrendo diversas culturas, períodos, estilos arquitetônicos e gênero dos vitrais.
Após o entendimento das origens e dos modos de produção e de restauro artesanais dos vitrais, realizou-se um levantamento prévio de diversas situações em que o vitral compõe a edificação. Após essas análises de caráter, em suma, comparativo, especialmente com relação às datas de fabricação dos painéis e aos gêneros representativos, foi possível a escolha de 10 estudos de caso que servem como exemplares da presença dos vitrais na arquitetura brasileira.
Tais análises englobam quatro edificações pré-modernistas que baseiam o princípio da adoção dos vitrais na arquitetura brasileira de forma geral, do século XIX e início do século XX. Além disso, foram selecionadas seis construções modernistas que permitem o entendimento da presença do vitral nesse período da arquitetura, entendendo as formas com que a técnica se relaciona com as edificações a partir de suas simbologias e iconografias, além do estilo - único - modernista de cada painel.
Dessa forma, é possível perceber as singularidades do uso dos vitrais no Modernismo Brasileiro e compreender a forte presença da técnica nesse estilo arquitetônico. Também, se atentando à grande ocorrência dessa forma de arte no Modernismo, elaborou-se um pequeno inventário temático para o registro de vitrais no Brasil, dando-se início a um processo contínuo e aberto à comunidade.
Ao final, entende-se a importância da transmissão de conhecimento entre gerações para a manutenção do saber-fazer do vitral, atemporal e imutável, e o aspecto fluido da arte quanto às suas finalidades e simbologias nas novas realidades. Isto posto, foi possível concluir que as aparições arquitetônicas e artísticas dessa linguagem estética na atualidade, ainda que inovadoras e distintas, possuem vínculos multifacetados acerca de suas intenções e técnicas que as colocam como parte de uma tradição dialética e menos linear.
MONOGRAFIA
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Como citar:
ALVES, Sofia Silveira Souza, CORTELETTI, Sophia Freire. A Arquitetura Moderna à Luz do Vitral: Sobrevivências Históricas e Reinvenções Brasileiras. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2022. Disponível em: <https://vitraisnomodernismo.blogspot.com/2022/10/resultados.html>. Acesso em: INSERIR A DATA DE ACESSO
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